quarta-feira, 17 de junho de 2015

Geology Field Trip

Para a prova oral final do meu curso de Inglês no IEL, a professora Ana pediu que fizéssemos uma apresentação sobre tema livre, escolhi apresentar como tema Viagem de Campo em Geologia ou Geology Field Trip, segue link:

Geology field trip no slideshare

Viagem de Campo para Santos - Geotecnia

Sexta-feira, dia 12 de junho de 2015, nova viagem de campo, agora com alunos do 5° ano da Geologia, finalizando a disciplina de Geotecnia. Esta viagem pode ser classificada, segundo os critérios de Compiani e Carneiro (1993), como sendo Ilustrativa, já que a atividade era toda centrada no guia, reforçando e demonstrando conteúdos,  considerando o aluno apenas como espectador. A viagem teve como destino a cidade de Santos na Baixada Santista, saída do IG ás 06:30 hs, apesar do frio, tempo bom, céu claro e limpo, porém ao descer a serra, chuva fina o tempo todo. Primeiro ponto para palestra do Geólogo da Defesa Civil de Santos, Geólogo Bandini, na cobertura do cassino do Monte Serrat, após a subida pelo bonde funicular, explica que devido ao mau tempo, não seriam visíveis os aspectos que ele queria apresentar, como o estuário de Santos e a localização do porto, bem como a serra do mar.  Bandini nos conta que um ano após a construção do cassino em 1928, houve um primeiro deslizamento, do tipo circular, que teria movimentado cerca de 500 toneladas de material, que atingiu a Santa Casa de Misericórdia de Santos, causando cerca de 80 fatalidades, hoje só resta a cicatriz do evento e a sua impermeabilização com concreto.
A descida do monte Serrat se deu pela escadaria, Bandini explicou aos alunos, que apesar das construções no local serem consideradas de bom padrão construtivo, a região ainda costuma sofrer com deslizamentos de encostas, quando os volumes de precipitação são muito elevados e concentrados num curto espaço de tempo. Assim visualizamos uma situação em que parte de uma escadaria de acesso ao morro foi destruída mas, quando da visita, já devidamente consertada.

Descida do Monte Serrat pelas escadarias



Local onde ocorreu recente deslizamento devido ao excesso de chuvas

Construção de rede de captação de aguas pluvias, com escadarias para redução e dissipação da energia
Outro locais ao longo da descida mostravam que em regiões de maior declividade, o deslizamento provocou mais destruição, em sua apresentação, Bandini chama a atenção para o plantio de bananeiras nas encostas acaba prejudicando e facilitando a entrada de água no solo, acelerando processos de deslizamento, mostra evidências de construções irregulares e a falta de fiscalização.
Cicatriz de deslizamento recente, como movimentação considerável de material para a base
O segundo ponto está localizado na base do monte Serrat, atrás do Ginásio de Esportes da prefeitura de Santos, construído na base da encosta e portanto, sujeita a queda de blocos. Para sanar ou mitigar esses efeitos foi implantada uma cerca de arames a implantação de gabiões, caixas de arame com blocos de rocha dentro.
Ponto logo abaixo da encosta, antiga pedreira, atrás do Ginásio de Esportes da prefeitura de Santos, observar a presença de cerca de proteção com a base feita por gabiões.
No terceiro ponto, na base do morro do Jabaquara, Bandini, explica que apesar do bom padrão construtivo, as casas foram contruídas em cima dos depósitos de Tálus, região instável do ponto de vista geotécnico e que merece constante monitoramento.
Base do morro do Jabaquara, casas construídas na zona de Tálus, presença de grandes blocos de rocha
No quarto ponto, Bandini explica que devido a problemas de marés associados a zonas pantanosas e as epidemias de febre amarela, levou a necessidade de drenagem das regiões mais baixas, culminando com uma grande obra de implantação de canais, seis no total, pelo Engenheiro Saturnino de Brito no final do século XIX, teve o triplo mérito de drenar as planícies alagadas com os canais de drenagem - hoje marcos da paisagem urbana santista - de preservar a memória histórica do Centro e de ordenar a ocupação urbana da Ilha de São Vicente com um plano de ruas. Nesse ponto visualizamos os canais, bem como a obra do emissário submarino, cujo objetivo é o escoamento dos esgotos domésticos de Santos mar afora, chama atenção para o fato da obra ter alterado os processos dinâmicos costeiros, acelerando a deposição de areia, engordando a praia nesse local.
No quinto e último ponto na Ponta da Praia, vimos um processo inverso, ou seja, uma erosão acelerada, como diz Bandini, talvez como resultado do processo de aprofundamento da calha da entrada do porto de Santos, obra em execução, cujo objetivo é aumentar o calado do canal para recepção de embarcações maiores. Bandini chama a atenção para o fato de que tanto nas encostas dos morros, bem como na zona costeira, a necessidade de profissionais como os geólogos para entender os processos em andamento e propor soluções ou medidas de contenção. Mas também observa que, independente do nível social dos bairros, opostos em tudo, a presença do poder público deve ser a mesma nos dois casos.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

MASP - Um passeio cultural por São Paulo no final de semana prolongado, visita a Vila Madalena observando grafites do beco do Batman e admirando os clássicos no MASP.

Portaria do MASP

Vincent Van Gogh

Vincent Van Gogh

Vincent Van Gogh

Beco do Batman

Beco do Batman

Beco do Batman

Beco do Batman

Beco do Batman

Beco do Batman

Beco do Batman

terça-feira, 2 de junho de 2015

Viagem de campo, disciplina de Sistema Terra I, Parque dos Varvitos de Itu e campo de Matacões de Salto, realizada no dia 30 de maio de 2015

No dia 30 de maio de 2015 às 8:00 horas, saímos com as turmas da disciplina de Ciências da Terra I, para Trabalho de Campo, na região de Itu, mais precisamente no Parque dos varvitos de Itu. Pode-se considerar esse Trabalho de Campo como do tipo Motivador, pois visava basicamente despertar o interesse dos alunos para uma situação ou componente, a partir dos conhecimentos prévios, ou sua ausência, nos alunos das turmas do período diurno e noturno, que participaram da atividade. Observou-se que os professores buscavam valorizar a paisagem, o senso comum e a afetividade do aluno para o lugar e , principalmente despertar sua curiosidade.
Alguns pontos me chamaram a atenção, na chegada ao parque os professores pediram que os alunos observassem o piso da entrada do parque e que tentassem lembrar onde tinham visto esse tipo de estrutura ou feição. Algumas conexões foram estabelecidas:
_ Professor, parece como um fluxo de lava...
_ Tem formato de ondas...
Os professores chamavam a atenção para o possível, ambiente de formação da respectiva feição, porém evitavam de dar respostas prontas. A partir de determinadas informações, os informações os professores começam a repassar dicas, tais como:
_ Você já foram à praia? Lembram-se de ter visto marcas na areia provocadas pelo movimento das ondulações? Façam conexões...
A partir dessa conexões os alunos passavam a associar as marcas deixadas nos sedimentos, aos movimentos das ondas sobre a areia e sua posterior impressão nos mesmos.
Num outro ponto já dentro do parque, os professores pedem que os alunos se aproximem das paredes formadas pela deposição de sedimentos em estratos plano-paralelos que formam o local e que estabeleçam relações com a dinâmica do ambiente. Pedem que os mesmos tentem explicar por que os estratos alternam cor, textura e granulometria.
_ Para depositar o sedimento nessa posição o ambiente deveria ser muito calmo...
_ Deve ter alterado a energia do ambiente...
Os professores tentavam não responder, mas incitar mais o raciocínio dos estudantes.
Um dos professores pede que alguém explique a presença de um fragmento maior, um bloco ou matacão, no meio dos estratos formados por material muito mais fino (silte, argila e areia muito fina), alguns elaboram algumas hipóteses e apresentam-na ao professor.
_ Deve ter caído, né...?
_ Mas caiu de onde? Completa o professor.


Parque dos Varvitos de Itu: presença de um clasto ou seixo caído sobre os estratos
Num outro ponto, o professor pede que os alunos observem as estratificações cruzadas presentes nas camadas ou estratos e que tentem explicar como se formaram.
_ Deve ter sido algum movimento da água, talvez um fluxo...
_ Por que será que será que a gente consegue observar as estratificações cruzadas nessa parede e naquela parede não...? Aponta o professor.
Novas teorias são elaboradas:
_ Será que mudou a direção do fluxo?
_ Não houve mais fluxo?
Então o professor pede que olhem que a feição é observada sob um ponto de vista lateral numa parede e sob um ponto de vista frontal na outra, portanto é apenas uma questão da direção observada.

Estratos plano-paralelos que formam os Varvitos de Itu, presença de uma fratura na rocha

No Parque Montounné, no município de Salto, outra situação me chama a atenção.
O professor explica que a rocha observada apresenta estrias e que as mesmas teriam sido formadas pela movimentação de uma geleira carregada de fragmentos de rocha e que a mesma ao passar pela rocha teria riscado sua superfície, criando essas estrias, como se fosse uma lixa. Começam as relações:
_ Mas professor, geleiras no Brasil? Nosso clima é tropical...
_ Como pode...geleiras no Brasil?
O professor então pede que os alunos façam conexões com a deriva dos continentes. Em seguida novas relações são estabelecidas.
_ Esse local no passado estava submetido a um clima mais frio pois ocupava uma posição diferente da atual.
_ No passado, quando essa região estava mais próxima dos polos formou esse ambiente, com a movimentação das placas esse ambiente passou a ocupar uma região diferente sob novo clima...
Num novo local, ainda no município de Salto, a observação de uma campo de matacões de granito, novamente os professores pedem que os alunos apresentem explicações sobre a origem desse material.
_ Devem ter sido formadas pela erosão...
_ Que tipo de erosão? Devolve o professor.
Os alunos são levados para a praça, onde diversas amostras de granito, demonstram a variedade de litotipos da região, diversos tipos de granitos com variações de graus de cristalização, tamanho de cristais, coloração, disposição e posição dos cristais.
_ Por que são diferentes?
_ Por que alguns cristais aparecem com as bordas diferentes? Mais perguntas...
Ao final, uma visita ao salto que dá nome ao município, onde foram observadas marmitas, feições erosivas formadas pela ação abrasiva do rio.
Parque dos Varvitos de Itu: presença de estratificações cruzadas

Evidências da poluição do rio Tietê: espuma criada pelo turbilhonamento das águas do rio em águas com detergentes

Alunos prestam atenção e registram informações apresentadas pelo orientador

Vista Frontal dos Varvitos

Presença de rastros de organismos nas camadas de sedimentos que formam os Varvitos



quarta-feira, 13 de maio de 2015

 



Por favor, divulguem vaga para graduados em Geologia, para trabalhar na UnB:

http://www.srh.unb.br/concursos/docente-2015/category/9311-edital-de-abertura-n1182015

 TIPOS DE TRABALHOS DE CAMPO

Como nosso Blog é sobre Trabalhos de Campo, vamos nos deter um pouco mais sobre esse assunto.  Compiani e Carneiro (1993), estabelecem como objetivos pretendidos nas viagens de campo: aproveitar os conhecimentos geológicos prévios, adquirir representações, exemplificar feições e fenômenos da natureza, sugerir problemas e permitir uma primeira elaboração de dúvidas e questões, desenvolver e estruturar habilidades, estruturar hipóteses, resolver problemas, elaborar síntese, desenvolver atitudes e valores.
Para alcançar os objetivos pretendidos, Compiani e Carneiro (1993) classificam os trabalhos de campo como:

-ILUSTRATIVOS: é tradicional, considera o conhecimento como um produto acabado, reforça e demonstra conteúdos, centrada no professor, considera o aluno como espectador e o produto é uma caderneta de campo cheia de informações.

-INDUTIVOS: a observação é guiada, leva a interpretação ou solução de um problema, o professor atua como condutor por meio de um roteiro ou questionário, o estudo é dirigido valorizando o método científico e o raciocínio lógico e não preocupação com conhecimentos prévios.

-MOTIVADORES: desperta o interesse para um problema, não se preocupa como conhecimentos geológicos prévios do aluno, valoriza a paisagem e o senso comum, envolve a afetividade e desperta a curiosidade, centrada no aluno.

-TREINADORES: visa o treino com aparelhos e/ou instrumentos, exige conhecimentos prévios, o aluno anota e o professor direciona.

-INVESTIGATIVOS: o objetivo é resolver um problema, elaborar hipóteses, estruturar observações, interpretar, decidir estratégias, refletir e concluir, o professor é um orientador.


Scortegagna (2001) acrescenta mais dois tipos:

-GENÉRICOS: para conhecer uma região não visitada, não vinculada a uma disciplina específica, geralmente realizada no final do ano, não há um compromisso do professor com o ensino, valoriza relações sociais, informativa, não há questionamento do método científico, não há uma relação clara entre ensino e aprendizagem, não há uma lógica predominante.

-AUTÔNOM0S: visa despertar a investigação e preparar para a profissão, geralmente realizada na região onde o aluno está localizado, ausência do professor, o professor é orientador e a relação professor/aluno se dá por meio da discussão e troca de experiências.


Compiani M., Carneiro C.D.R. Os papéis didáticos  das excursões geológicas. Rev. de la Ensenanza de las Ciencias de la Tierra. 1(2):206-210, 1993
Scortegagna, A. Trabalhos de campo nas disciplinas de Geologia Introdutória nos cursos de Geografia no estado do Paraná, dissertação de Mestrado, Orientação: Prof. Dr. Oscar Braz Mendoza Negrão, Instituto de Geociências, Unicamp, Campinas, 2001
Inge Lehmann (Østerbro, Copenhague, 13 de Maio de 1888Copenhague, 21 de Fevereiro de 1993) foi uma geodesista e sismologista dinamarquesa que descobriu a consistência do núcleo do planeta Terra. Através da análise de dados sísmicos, ela afirmou que o centro da Terra não era constituído apenas de material fundido como se acreditava até então, e que um núcleo interior não só existia como este possuía propriedades físicas diferentes das do núcleo externo. Esta afirmação foi logo aceita pelos sismologistas da época, já que na época não havia uma hipótese do porque que as ondas P criadas por terremotos, diminuíam sua aceleração quando alcançavam determinadas áreas do centro da Terra.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Evento: Palestra

À Comunidade do IG,

Convido-os para a palestra "Investigação Geoambiental de Alta Resolução para Áreas Contaminadas

Data :27/05, 14 h, Auditório do IG

Palestrante:  Marcos Tanaka Riyis
Formação: Engenheiro Ambiental (UNESP/Sorocaba), Pós-Graduado (Especialização) em Gerenciamento de Áreas Contaminadas (SENAC), Mestre em Engenharia Civil e Ambiental – Área de Geotecnia Ambiental (FEB/UNESP);
Atividade Profissional: Diretor Técnico da ECD Sondagens Ambientais, empresa especializada em coleta de dados para investigação de Áreas Contaminadas; Docente dos cursos de Pós-Graduação em Remediação de Áreas Contaminadas e Gerenciamento de Áreas Contaminadas do Centro Universitário SENAC.

Resumo: O Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC) é um mercado de trabalho extremamente promissor para Geólogos e Engenheiros Ambientais. Seu caráter tipicamente multidisciplinar é "marca registrada" desse segmento. O GAC é dividido em diversas etapas, sendo a Remediação a etapa mais complexa, visível e ao mesmo tempo lucrativa do processo. Porém, a Remediação está umbilicalmente ligada à etapa de diagnóstico da área contaminada. Esse diagnóstico deve subsidiar a Remediação com as respostas sobre o contaminante (massa, características, distribuição) e sobre a sua interação com o meio físico (geologia, hidrogeologia), uma vez que as heterogeneidades hidrogeológicas e o entendimento da hidroestratigrafia são os grandes fatores limitantes do processo. A forma mais adequada de se realizar uma boa investigação é utilizar as ferramentas de alta resolução (High Resolution Site Characterization Tools – HRSC), que fornecem, em tempo real e em escala de detalhe, informações sobre as heterogeneidades do meio físico e/ou sobre a distribuição vertical da contaminação. Essa palestra explanará como é feita a investigação tradicional e suas incertezas e apresentará algumas técnicas de HRSC, relacionando ambas com as consequências técnicas e econômicas para o Projeto de Remediação.
Estou iniciando meu doutorado em Ensino e História de Ciências da Terra, no Instituto de Geociências - IG, da Unicamp, Universidade Estadual de Campinas. Meu tema de pesquisa envolve Trabalhos de Campo e sua importância no processo ensino-aprendizagem. Tentarei incluir nesse blog algumas informações sobre tipos de Trabalho de Campo, além da bibliografia que eu puder acrescentar para enriquecer o debate.
Para começar...uma das aulas de campo mais interessantes sobre intemperismo físico e químico num ambiente extremamente diverso...um cemitério.
https://www.youtube.com/watch?v=bamjfPvJFoM

Mais uma aula interessante:

Por que escolhi a Geologia como profissão? Parafraseando meu orientador Prof. Dr. Celso Dal Ré Carneiro quando expõe frase do maior expoente da geologia brasileira, Prof. Dr. Fernando Flávio Marques de Almeida (1916-2013):



"Felicito-os pela escolha dessa bela profissão. Ela lhes dará oportunidade de decifrar a Terra, usufruir os encantos da vida ao ar livre e satisfazer o espírito de aventura que existe em todos nós. Como eu, correrão o risco de morrerem de sede perdidos nas dunas escaldantes do deserto do Saara,



beberão água do radiador de caminhão quebrado no Chaco Boliviano,



subirão à borda da cratera do vulcão em erupção El Fuego na Guatemala,



verão os gêiseres expelindo água fervendo perto de Raratoa na Nova Zelândia



e quase morrerão de frio nos planaltos cristalinos da península de Kola a norte do Círculo Polar Ártico.



Com minha experiência de 66 anos de geologia posso lhes garantir ser essa a mais prazerosa das profissões e digna de ser vivida (Almeida, 2004)".